terça-feira, 8 de junho de 2010

Fragmentos da consciência

... No metrô notei considerável vácuo abraçando a todos. O nada era deveras expressivo, e quase me abraçou igualmente. - Confesso ser contraditória a manifestação do nada. Este não há origem. Pensá-lo o expõe, não o sendo mais. - Mas havia algo além...: considerável sofisma, absorvido pelas aparências uníssonas. Senti-me insaciável por penetrar nos princípios alheios; e também no meu.
O fato de eu observar tal decadência não me torna diferente; apenas perspicaz, pois há ainda o ato.
O vácuo não é perder-se a si próprio; mas é perder algo. Assim sendo, o nosso desencontro, que é nossa pura existência, nos assusta, pois sentimos necessidade de ser algo. Sou o que sinto, quando desencontro-me e apenas sou eu... Sou o que sinto, não o que vejo. Mas há o revés! Construímo-nos através das imagens, e assim somos: estátuas de cerâmica, arte moldável... e quebrável.
Mas quando sou, apenas, eu não morro. Pois nada que existe, completo, morre.


Patrícia Carvalho
(imagem: Zdzislaw Beksinski - pintor polonês)



Um comentário:

  1. A sociedade nos aaproxima, mas ao mesmo tempo nos separa, esta dualidade nos faz pensar o quanto estamos juntos e sós ao mesmo tempo, mas lembre-se, sempre haverá o amanha para termos esperanças que possam ser quebradas pelas casionalidade. [André Demônio]

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