segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Ego


Eu sou metamórfica, e minhas metamorfoses ocorrem em instantes. Então, como saber quem sou? Apenas sei que cada instante é pleno, e que o riso, se contemporâneo de lágrimas for, ele não deixa de ser verdadeiro. Sou um sentimento ambulante pulsando no mundo.
Às vezes me sinto cansada de estar comigo, e de lidar com este fardo de sentimentos. Ás vezes queria sentir menos intensamente, pois o intenso me desorganiza. Mas é nesta desorganização em que eu vivo. Sou escorregadia, até para mim mesma.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

à Paz (frases)

A paz é o equilíbrio dos avessos. A paz é um canto, um lamento... Quero encontrar a paz no uivo selvagem dos bichos, e na harmonia do sabiá. Quero encontrar a paz na queda d’água, tilintando aguda, e também na lagoa cristalina. Quero encontrar a paz na morte das flores no outono, e no seu renascer na primavera. Quero encontrar a paz no choro da criança ao nascer, e no seu sorriso. Quero encontrar a paz no grito e no silêncio... Eu quero aquela Paz que ninguém encontra, apenas quando come-se a si próprio, e descobre pela dor que o caminho da paz é mais simples do que imaginamos. Está em si, apenas.

A paz é impalpável, invisível, e inodora. A paz é vapor d’água que se camufla entre o sangue sujo do homem.

Estou a procura daquele trecho de terra que chamam de paz. Minhas cicatrizes, às vezes, doem, e quero enterra-las nessa terrinha. Mas ora, distraída senti o vapor d'água evaporar de meus poros, e descobri que a terrinha é meu corpo e aquilo que o movimenta. Este será essência, será alma, será o que? É apenas "o que" desconhecido, mas que É. Isso que me importa.

Meu corpo é desértico, pois tanto tempo passei tentando encontrar esta terra, e agora que a encontrei não sei o que plantar. Plantarei saudades... de mim.

Minha paz é uma miragem no deserto. Estou caminhando, cansada, usando farrapos e comendo migalhas. Eu vejo uma gota d´água! Quando me aproximo, ela seca... seca... tenho sede.

Encontrá-la é mais fácil que compreende-la, pois ao tentar compreender esqueci de senti-la. Para isso é preciso muito pouco: gota d'imaginação e nuvens alvíssimas.

Minha paz é minha imaginação. Hoje irei pintá-la num quadro. Será plácido e entre a brancura da tinta escorrida haverá gotas d'sangue, pois a paz também é canibal. Ela me devora.
(...)


Patrícia Carvalho



segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Poema d'minuto

... tropecei na felicidade


Patrícia Carvalho