terça-feira, 8 de junho de 2010

Ode orgiástica

(imagem: René Magritte - artista surrealista belga)


Ouço o som dos ditirambos penetrarem nos meus poros e sinto o
arrepio percorrer entre meus pêlos enquanto o suor libido escorre
entre a maça de Eva. No ventre infértil é apenas fecunda minha
substância orgíaca, assim como o corpo, sendo este matéria bacanal.
Movimentos contraídos é a origem da epifania dionisíaca... Dionísio!
este é o grito de liberdade, que entre espasmos lascivos celebro a
cópula. Irei dançar ébria entre suas bacantes, sobre as pétalas de
Eupétale e ao som da harpa de Ione. Toda esta embriaguez é
absorvida pela volúpia primitiva de Eros, donde seus filhos provem
daquilo que Cristo tornou pecado... Apoteose à Madalena! Infeliz Érebo,
nasceu da cisão do andrógino Caos; este nunca fálico algum
sentiu, e apenas sombras dele se fecundaram. O espanto, provindo dos
puritanos, arruinou até a bela Vênus, que adúltera julgada foi
por nos lençóis com outro sussurrar.
Oh! Afrodite Pandemos, a quem Pausânias, amante de Agaton,
refere-se ser vulgar, apenas por aspirar nos homens o desejo do
corpo, jamais à alma.
As mãos e pés entrelaçados, como numa pintura de Picasso, nutrindo-se da nudez do outro, arranhando-lhe a pele e comendo-lhe a carne, até o encontro metafísico...Ápice!
Morre-se no instante, e logo renasce...

Patrícia Carvalho

2 comentários:

  1. É o que eu mais gosto.
    Maravilhosa mitologia grega e suas inpirações!

    Um grande abraço do seu fã nº1 que te admira tanto

    beijão

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  2. Por mais que neguem a ascenção do ventre ele ainda existe, mesmo que em outro ser, mas negar sua existencia é como negar o dia e a noite. Os bacantes tentaram o fazer e o alvorecer de seus desejos viraram realidade, onde um dia foi um ritual de reprodução e prazer tornou-se luxiria desenfreada, felizmente estes dias de barbarie chegaram ao fim, mas sempre teremos Caligula e Kama Sutra para nos lembrar dos detalhes sordidos. [André Demônio]

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